sexta-feira, 14 de março de 2014

Das Coisas simples



Sabe, eu gosto de coisa simples. Gosto daquelas partes da vida em que tudo anda meio descomplicado, quando a gente olha e sabe bem o que vê. Tenho apreço por casa arrumadinha e aconchegante, mas que também te dá vontade de ficar à vontade. Gosto de poesia que fala com a gente, como quem conversa ao final da tarde, tendo o pôr do sol à frente.

Descobri que gosto de textos simples, daqueles que me fazem sentir exatamente o que se quis dizer. Gosto de sorrir ao ler. E se for pra chorar, tudo bem também. O que me deixa feliz é ler a verdade em cada parágrafo. Gosto de escrita que faz carinho na alma da gente. E creia-me, minha alma aprecia um bom cafuné.

Sabe, gosto de gente descomplicada, do tipo que não cobra aquilo que não pode ser entregue. Gosto de gente tranquila, verdadeira, cuja companhia é nada menos que um presente. Amo sorrisos francos, abraços apertados, olhos nos olhos e risada solta.

Andar de mãos dadas, picolé de limão, por do sol, música leve, cheiro de filho, filme com pipoca (e cobertas), lembrança boa no meio da tarde: tudo tão simples e tão bom.

Tenho medo do que andam fazendo por aí, transformando a vida num amontoado de coisas que se precisa ter e ser. Tremo diante das metas que me estabeleceram sabe-se lá onde, porque a maioria delas não me inspira a menor felicidade. Dizem que preciso ser magra, forte, bem-resolvida, sarada, inteligente, pós-graduada, bem-sucedida, bem-amada e bem-nascida. Dizem que preciso sorrir o tempo todo e que se não for assim, talvez eu precise mesmo de um antidepressivo.  Estão tentando me convencer de que, ai de mim, preciso receber declarações de amor publicadas no youtube, ou não vou saber bem o que é ser amada de verdade.

Pois eu digo que pouco me importa o que andam dizendo por aí. Sinto muito mais alegria num dia comum, que em lindos rompantes dourados. Confio mais no que é estável, no que se solidifica. Amo a doçura do cotidiano e das pequenas gentilezas; o sonho que se compartilha, a doação gratuita, a sensação de pertencer que só se encontra quando se pertence de verdade.

Sabe, amo a vida assim, sem tantos penduricalhos. Amo saber que sinto o que está ali para ser sentido, que aprecio o momento que tenho para apreciar. Gosto demais de viver de verdade. Tenho um gosto por demais refinado; um crivo fino, pelo qual só passa aquilo que for suficientemente simples.

Beijinhos
Fê Coelho




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