domingo, 8 de maio de 2011

A beleza que se esconde do outro lado



Todos nós, seres viventes e razoavelmente pensantes, já descobrimos que temos uma tendência a enxergarmos apenas o nosso lado das situações. Não que isso seja um defeito: é apenas um fato. Costumamos prestar atenção e sentir o nosso amor, o nosso ódio, a nossa pressa. Enfim: os sentimentos são expressos na primeira pessoa do singular, via de regra.

Digo via de regra porque, em alguns momentos, nos pegamos prestando atenção ao outro lado. A isso chamam empatia - essa capacidade de se colocar no lugar do outro e imaginar como a situação se mostra para ele.. Se, por um lado, posicionar-se no lugar de outra pessoa pode ser uma furada - visto que pessoas assim como eu, com tendência a Madre Teresa ( em outro post vou falar sobre isso), podem se deixar manipular pelos outros -, por outro lado, esse modo diferente de pensar pode ser um presente, um  momento de clarividência que pode tornar um dia - ou uma vida - melhor. Eu explico.

Já falei aqui no blog sobre as delícias da maternidade. Já discorri sobre o amor incondicional e desvairado que toma conta de nós mulheres no momento em que adquirimos a credencial de mãe. Expliquei o quanto sou feliz e realizada por desempenhar esse papel que - pela minha parca experiência de vida, pude perceber - é uma vocação.

Inúmeras vezes, já me peguei a pensar sobre como poderia ser feliz sem ter alguém para receber esse amor tão grande e intenso. Sim, porque o amor de mãe exige ser entregue. Ele não se aquieta até que o tenhamos externado. Então, leitores que não têm filhos, paciência. Tenham paciência quando suas mães lhes disserem pra pegar a blusa de frio, quando reclamarem de seus horários ou implicarem com algum amigo que vocês consideram MARA. O amor que as mães sentem beira o divino. E, por isso, acho que Deus nos concede uma visão mais apurada das situações.

De qualquer maneira, esse texto não se destina a falar do nosso amor. Hoje eu quero falar da contrapartida. Vamos falar do amor dos filhos, só pra variar.

Como filha, já passei por várias fases, até chegar ao momento em que tudo se tornou claro pra mim. Já fui adolescente reclamona e já deixei de seguir os conselhos maternos. Acreditem: isso não compensa! Hoje vejo meus pais de uma maneira que nunca vi antes: como pessoas, assim, de carne e osso, sem a aura divina e a capa de super-heroi. Vejo meus pais como dois seres humanos magníficos que Deus, sabendo de minhas limitações, escolheu para me guiarem por esse mundão afora. Compreendo que eles têm seus defeitos, mas que têm uma experiência de vida que eu só vou adquirir daqui a uns bons anos (isso se). Entendo o amor maluco que eles têm por mim e que tudo o que mais querem é que seus filhos sejam felizes. Porque é isso o que os pais fazem: eles se descabelam entre um compromisso e outro, entre um conflito e outro, ao longo dos dias, tentando acertar, só para que possamos ser felizes.

Enxergar isso, por si só, já seria motivo para muita felicidade. Acreditem: nem todos os filhos conseguem transpor a barreira da adolescência e passam a vida tentando se distanciar dos pais. O que gostaria de falar hoje, é sobre um momento maravilhoso que experimentei essa semana: o de me ver, enquanto mãe, testemunhando o amor de uma filha.

Comparecer à homenagem do dia das mães tem dessas coisas: as crianças todas eufóricas, com olhinhos ansiosos, cada uma procurando sua genitora. E quando isso acontece... Mamãããe! Aquele grito sai como se fosse arrancado do peito, e a criança se põe a mostrar a sua mãe para os amigos: olha lá, ela veio, eu disse que ela vinha! É dispensável dizer que eu, chorona de carteirinha, fui pródiga em lágrimas.


 A apresentação foi linda, mas o inesquecível mesmo foi ver minha filha cantando e olhando diretamente pra mim! Sim, gente, pra mim e só pra mim! E então entendi que, naquele momento, ninguém mais no mundo era tão importante quanto eu. Ninguém mais no mundo era tão encantadora e tão revestida da mesma aura que eu via nos meus pais. Nenhuma outra mãe era digna daquele olhar de devoção que, de graça, eu merecia.

E foi a beleza de poder enxergar o outro lado das situações me fez perceber que eu nunca me sentira tão amada em toda minha vida.

Um feliz dia das mães para todas vocês que desempenham com amor essa vocação. E para vocês, filhos, parabéns por serem dignos de um amor tão puro.

Beijinhos

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